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Que tipo de jogo você joga na relação?

  • Foto do escritor: talita.galana
    talita.galana
  • 25 de out.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 29 de out.

Em um dos seus textos, Rubem Alves faz uma analogia sobre relacionamentos: ele diz que alguns casais jogam tênis e outros jogam frescobol.

No tênis, o objetivo é vencer e o erro do outro é o que garante o seu ponto.

No frescobol, ninguém ganha sozinho. O prazer está em sustentar o movimento, em manter a bola no ar. Não se joga contra, joga-se com.


Uma forma simples e bonita de pensar sobre a qualidade dos vínculos que construímos, não é mesmo?


Quando o amor vira controle e disputa


No início do relacionamento há espaço para a fantasia e a esperança de que o outro seja o amor perfeito. Tem uma parte de nós que acredita que, se o outro nos amar profundamente, então será o encontro de almas — e seremos complementares, juntos seremos inteiros.


Mas, com o tempo, entre frustrações e desencontros, a realidade escancara as faltas e o encanto dá lugar ao estranhamento. Muitas vezes sentimos que o outro não nos ama de fato, que não somos vistos ou valorizados. Nosso ego ferido passa a ficar defensivo e a jogar o jogo do controle, da disputa, da cobrança, tentando forçar uma mudança…para que o outro seja mais como eu acredito que ele deve ser para nos completarmos.


Queremos que o outro devolva a bola da forma “certa”, no tempo que esperamos, no ritmo que nos agrada. Mas o amor — e aqui falo de qualquer relação significativa — só se sustenta quando há espaço para a falta, para a individualidade. Quando é possível brincar, errar, recomeçar, existir como se é.



O encontro entre faltas


Na psicanálise, entendemos que o encontro entre dois sujeitos é sempre um encontro entre faltas. Cada um traz sua história, suas dores, seus modos de se defender e de desejar.

E o desafio está em não transformar o outro em espelho, em não querer alguém que faça como a gente, mas aceitá-lo como é e lidar com as diferenças.

Parceria é poder jogar junto, sem perder de vista o próprio ritmo e sem exigir que o outro dance exatamente como a gente. 


Três movimentos que fortalecem o vínculo


Para que o time continue jogando junto, é fundamental que cada um reconheça a importância do seu parceiro para o jogo seguir. Lembrando que ninguém ganha sozinho:


Reconheça os próprios movimentos e investimentos na relação — o que você tem oferecido, com que intenção e o que tem esperado em troca. 


Reconheça os movimentos e investimentos do parceiro(a) — às vezes diferentes dos seus, mas igualmente presentes (na medida em que o outro dá conta). 


Converse sobre isso com disponibilidade genuína para ouvir — não para convencer, mas para compreender. Fale sobre a percepção que cada um tem da relação e de como estão como time.



Estar junto é uma escolha


Estar em uma relação é, antes de tudo, uma escolha. Mesmo quando o vínculo se apoia em um projeto comum — como uma família, por exemplo —, ainda assim é uma escolha.

Por mais que haja pontos a serem alinhados, o essencial é sustentar o diálogo e criar o hábito de conversar — sobre o que se sente, o que se deseja, o que se aprecia. O reconhecimento, quando é dito, fortalece o vínculo. Faz da relação um espaço possível de crescimento, não de cobrança.



O prazer de continuar jogando


Sustentar o movimento, mesmo quando o vento muda. Aprender a jogar de novo, com leveza. Manter a bola no ar, não por medo de perder, mas pelo prazer de continuar jogando.


Se você percebe que tem jogado tênis nas suas relações — tentando acertar sempre, provar que é melhor, controlar — talvez seja tempo de experimentar um novo jogo. Um jogo em que o vínculo importa mais do que o ponto.


Se quiser conversar sobre isso, entre em contato comigo para um bate-papo.


 
 
 

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